A um ti que eu inventei - António Gedeão
Pensar em ti é coisa delicada.É um diluir de tinta espessa e fartae o passá-lo em finíssima aguadacom um pincel de marta.Um pesar de grãos de nada em mínima balança,um armar de arames cauteloso e...
View ArticleTODO O TEMPO... - António Salvado (na passagem do 80º aniversário)
Todo o tempo é sagrado:embora no verãoo sol requeime tantoque o corpo esquece a alma;embora no outonodo rosto a palidezaugure e urda sombrasdum súbito sofrer;embora no invernoa neve a tempestadeaté aos...
View ArticleNos Teus Gestos - Joaquim Pessoa
Nos teus gestos há animais em liberdadee o brilho doce que só têm as cerejas.É neles que adormeço, e dos teus dedosretiro a luz azul dos arquipélagos.Os teus gestos são letras, sílabas, poemas.Os teus...
View ArticleCantando al mundo - Jesús Lizano
En amor se transforma cuanto hacemostodo lo que tocamos y sentimos,lo que soñamos y lo que vivimos,cuando nos vemos, cuando no nos vemos.Ebrios de amor las alas y los remossólo para esas horas...
View ArticleAs gaivotas - Fernando Semana
Grasnam as gaivotas no ar, pipilantes,Sobre árvores desnudas na cidade friaSão como gritos de agonia revoltantesLonge da costa… de moela vaziaAlto grasnas… e ainda alto voasJá tão longe do mar, povoas-...
View ArticlePenumbra - David Mourão-Ferreira
Na penumbra dos ombros é que tudo começaquando subitamente só a noite nos vêE nos abre uma porta nos aponta uma setapara sermos de novo quem deixámos de serin Obra Poética (1948-1988), PresençaDavid de...
View ArticleLúbrica - Cesário Verde (com texto introdutório de Bernardo Soares...
“Vivemos pela acção, isto é, pela vontade. Aos que não sabemos querer — sejamos génios ou mendigos — irmana-nos a impotência. De que me serve citar-me génio se resulto ajudante de guarda-livros? Quando...
View Article«Vae ser pedida. Casa qualquer dia» - Augusto Gil
Noiva imagem daqui Tive noticias hoje a teu respeito:«Vae ser pedida. Casa qualquer dia».E o coração tranquillo no meu peito- Continuou a bater como batia...Surpreso duma tal serenidade,Todo eu,...
View ArticleSoneto XX - Camillo de Jesus Lima
À memória de Laudionor BrasilNas horas de desânimo e desgosto,Sinto essa mão macia, carinhosa,Maternal, que me afoga as mãos e o rosto,Perfumada de sândalo e de rosa.Se me ponha a cismar, o sol já...
View ArticleAo longe os barcos de flores - Camilo Pessanha (nos 90 anos do seu...
Só, incessante, um som de flauta chora,Viúva, grácil na escuridão tranquila.-Perdida voz que de entre as mais se exila-Festões de som dissimulando a horaNa orgia, ao longe, que em clarões cintilaE os...
View ArticleO Faroleiro - Cabral do Nascimento
Farol do Recife imagem daquiApenas este ilhéu é que é pequenoO resto é tudo grande: o tédio, a vida,O dia enorme, a noite mais comprida,E o mar, calmo ou feroz, rude ou sereno;O tempo, esse narcótico...
View ArticleMoysés - Simões Dias
Estranho vulto, em pé, dos serros de Moab, Lança o enturvado olhar às regiões fronteiras!Sorri-lhe Manassé e as veigas de JudáAcenam de Sêgor as virides palmeiras!Vão-se-lhes os olhos d'alma, a voz lhe...
View ArticleCleópatra - Gustavo Teixeira
Sob o pálio de um céu broslado de cambiantes, a galera real, de tírias velas têsas, avança rio a dentro, arfando de riquezas, cheia de um resplendor de pedras coruscantes. Sob um dossel de bisso,...
View ArticleA IGREJA DO MOSTEIRO - Dom Marcos Barbosa
Flor de pedra e de prece na colina,lugar alto de paz e de silêncio,onde a cidade pára de repentee se ajoelha no chão de antigos túmulos.Floresta de ouro a nave, onde as cigarras,até juntar-se um dia ao...
View ArticleEm Prínkipo - António Patrício
O outono de cristal enredomava a ilha.Era uma elísia luz que os ciprestes fiavamem rocas verde-bronze: os pinhais plumulavam.Ouvimos não sei quê; e era - maravilha!-era uma migração de cegonhas que...
View Article
More Pages to Explore .....